domingo, 18 de setembro de 2011

Livro NOGUEIRA, Carlos Roberto F. O DIABO NO IMAGINÁRIO CRISTÃO

NOGUEIRA, Carlos Roberto F. O DIABO NO IMAGINÁRIO CRISTÃO. São Paulo: Ática, 1986.

O que seria dos bons se não houvessem os maus? Se não existisse o mau, possivelmente o conceito de bondade seria inexistente. Não obstante, o Deus do Antigo Testamento bíblico é o senhor do bem e do mau. Concede dádivas quando há merecimento, mas também pode causar grandes catástrofes para punir, caso necessário. Como exemplo, podemos citar a destruição de Sodoma e Gomorra, além do conhecido grande dilúvio.
Já no Novo Testamento, o que temos? A inserção de um antagonista: o diabo. Se no Antigo Testamento haviam algumas figuras que apenas futuramente foram associadas ao demônio, no Novo Testamento ele é uma peça fundamental. É aquele que desvirtua o homem, que tenta Jesus durante seu jejum, que traz a ruína e quem, no fim dos tempos, se digladiaria contra o Senhor no Juízo Final, sucumbindo enfim.
Esta inserção do mito do demônio é explicada nesta obra, mas o principal foco dela é a paranóia medieval do demoníaco. A presença do diabo 24 horas por dia, sendo responsável por todos os males, todas as falhas de caráter. Em outras palavras, podemos dizer claramente que o mundo era dominado pelo demônio, e alcançar a graça divina era uma dádiva da qual poucos virtuosos poderiam se orgulhar de receber.
De uma criatura sem face para uma aberração, geralmente descrita pelas visões de Santos ou pelos depoimentos de acusados de bruxaria, o demônio passou a ser retratado de forma semelhante ao que conhecemos hoje. Aspecto grotesco, asas de morcego e em várias obras, um rosto no lugar do ânus, que seus adoradores beijavam em cerimônias macabras – reiterando que estes eram depoimentos de supostos envolvidos com bruxaria sob intensa tortura. Não podemos esquecer que as representações de divindades pagãs contribuíram muito para a concepção atual do demônio, desde divindades antropozoomórficas de povos antigos como os babilônios até divindades de povos chamados pelo ocidente medieval de bárbaros.
Para quem se interessa por cristianismo e quer estudar o efeito da religião na mentalidade e na cultura, este livro é um excelente material.

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