sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Livro KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva. 2.ed. São Paulo: Ática, 2006

Túlio Schüster é um jovem de 20 anos, descendente de imigrantes alemães, vivendo em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Estamos em 1982, época da abertura política. Túlio rememora suas férias na casa dos avós, as viagens de caminhão com o pai, a escola, a descoberta do amor e da literatura.
Charles Kiefer é um famoso autor gaúcho que eu conheci há pouco tempo, mais uma vez por minhas leituras aleatórias.
Comecei a ler Caminhando na Chuva um pouco desconfiado. Um livrinho fininho, com uma capa feinha e que me passava a impressão de um tema poético-filosófico dos mais chatos.
Me enganei.
Kiefer produz uma narrativa que faz lembrar o consagrado O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D Salinger. Um adolescente, estudante do equivalente ao nosso ensino médio na década de 70, conta sobre seu cotidiano em meio ao Regime Militar. Sua pobreza, seus amores, seus sonhos, medos e desilusões. Caminhar na chuva é sua grande felicidade, é assim que se diferencia dos outros, é assim que limpa sua alma.
Sublinhei metade do livro. Eu encontrava frases de impacto em todas as páginas, talvez tenha sido exatamente isso que tenha feito eu gostar do livro de uma forma tão diferente em relação aos demais. As melhores frases:
“E também porque foi mais ou menos nessa época que comecei a ler a Bíblia, principalmente os evangelhos, e estava impregnado da filosofia de Jesus, aquela coisa de perdoar setenta vezes sete.”
“Mas, por ser pobre, por não ter o que os outros tinham, passei a ter mais que os que tinham tudo. Cultura é uma forma de status.”
“E por maior que fosse o amor, as diferenças eram muitas, e mais fortes.”
“Quem sabe chorar também sabe explodir de alegria.”
“… a literatura ia perder quem sabe um grande escritor, mas a vida ganharia um homem feliz.”
“Os pais são uns chatos, uns idiotas, uns mortos-vivos, insensíveis.”
“A droga é que os governos da terra são senis.”

E a melhor de todas:
“A vida não é tão interessante como a literatura.”
E ela aparece duas vezes!

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